Mconf – Multiconferência WEB e dispositivos móveis
O objetivo do Mconf é a colaboração para a criação de um sistema de Conferência Web baseado em software livre, com capacidade de interoperar transparentemente entre computadores e dispositivos móveis conectados à web.
A ideia é possibilitar que usuários distantes geograficamente interajam por meio de áudio, vídeo, quadro de notas e bate-papo. Também é possível compartilhar textos, apresentações, imagens e telas de computador, tudo através do navegador web.
O sistema está estruturado de forma a permitir escalabilidade para múltiplos servidores com balanceamento de carga. Assim, espera-se que o mesmo suporte centenas ou mesmo milhares de usuários simultaneamente, bastando adequar o número de servidores necessários, que podem ser físicos ou virtualizados (sendo executados “na nuvem”).
Outra característica importante é o sistema de monitoramento em tempo real (dashboard) e o sistema de relatórios, que permitem facilmente obter gráficos detalhados do uso da rede.
O Mconf também está pronto para a integração de forma federada, e é um serviço da federação CAFe (Comunidade Acadêmica Federada), permitindo o acesso facilitado aos seus integrantes, com a garantia de autenticação e utilizando o mesmo login e senha usado na sua instituição.
O principal patrocinador do projeto é a RNP (Rede Nacional de Pesquisa); Outros patrocinadores são a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e a Rede CLARA (Cooperación Latino Americana de Redes Avanzadas). A equipe do Mconf atua de maneira colaborativa com o grupo do BigBlueButton, que desenvolveu o software base para a realização das webconferências.
Arquitetura do sistema
A figura a seguir apresenta a arquitetura básica. O usuário ingressa no sistema através de um endereço no seu navegador web, como, por exemplo, http://mconf.org. O portal web interage com o balanceador de carga a fim de descobrir o melhor servidor Mconf-Live a ser utilizado, e conecta o usuário no servidor apropriado (preferencialmente o mais próximo geograficamente). Caso a reunião seja gravada, a mesma fica disponível automaticamente no servidor de gravação logo após o término da sessão. O balanceador de carga utiliza informações do servidor de monitoramento para tomar a decisão de encaminhamento do usuário baseado prioritariamente em localização geográfica, carga de CPU e uso de banda.
Várias estatísticas são armazenadas e os relatórios são gerados facilmente, mostrando resultados como o número de sessões efetuadas, a média de tempo em cada sessão, a média do número de usuários, entre outras. Um exemplo de gráfico é a distribuição de salas, conforme figura abaixo.
Principais módulos do Mconf
Os principais módulos do Mconf são:
- O portal Mconf-WEB
- O sistema de webconferência Mconf-Live
- O servidor de monitoramento e balanceador de carga
- O servidor de gravações
O portal Mconf-WEB
O portal web é completamente customizável de acordo com a necessidade da instituição. Alguns portais web são da Belnet (Bélgica), Holosoft (Egito), UFRGS e RNP, além do tradicional http://mconf.org. A figura abaixo mostra um exemplo de tela do portal. Quando o usuário deseja abrir sua sala de webconferência, basta clicar no botão “entrar”, visto na figura. Uma definição do grupo foi que cada usuário teria uma sala permanente, facilitando a memorização do endereço. Para as outras pessoas se juntarem à sala aberta, basta digitarem a URL da sala no seu navegador web. O endereço pode ser visto clicando no botão “ver URL para convites” (ver figura). No caso do usuário “Valter”, a sala permanente do mesmo é: http://mconf.org/webconf/valter.
A figura também mostra o conceito de comunidades existentes no Mconf. Assim como os usuários, cada comunidade também possui uma sala permanente. Isso facilita para o encontro de pessoas, pois cria um vínculo com o endereço da sala. É possível criar uma nova comunidade facilmente, bastando clicar no botão “criar nova comunidade”, visto na figura. A lista das comunidades as quais o usuário faz parte é vista também na figura, na seção “Minhas comunidades”. Para ver todas as comunidades existentes no Mconf, basta clicar no botão “Todas as comunidades”, na barra do topo da interface.
Outra característica do sistema é o armazenamento das atividades do sistema (mensagens, eventos, notícias e anexos). A seção “Atividade recente”, vista na figura, apresenta esse conceito.
Sistema de webconferência Mconf-Live
O sistema de webconferência Mconf-Live suporta a webconferência em si, como mostra a figura abaixo. Na figura pode-se ver uma imagem do Mconf-Live em uso, mostrando sua interface com as diversas seções, que são: nome e informações dos participantes (levantou a mão, apresentador, etc); controle de áudio individual; vídeo dos participantes; apresentação de slides; chat e bloco de notas.
Cliente para dispositivos móveis Android
A Figura abaixo mostra dois exemplos de acesso à salas de webconferência através de um dispositivo Android. A primeira mostra um tablet acessando através do navegador web, utilizando o Adobe Flash Player, assim como é feito em acessos por um PC. A segunda mostra a interface do aplicativo nativo para Android desenvolvido pelo Mconf. Foram criados dois aplicativos para Android que interagem com o Mconf de maneiras diferentes.
O primeiro chama-se BBB-Android e se comunica diretamente com o servidor BigBlueButton, tendo acesso a todas as salas de conferência. O segundo chama-se Mconf-Mobile e se integra com o portal web, dando ao usuário acesso às mesmas salas de conferência que ele teria acesso através de um navegador. Ambos estão disponíveis para download de forma gratuita no Google Play (loja oficial de aplicativos do Android).
O servidor de monitoramento e balanceador de carga
O servidor de monitoramento é baseado no Nagios, e coleta informações de cada servidor Mconf-Live existente na nuvem do Mconf. As principais informações coletadas são: uso de CPU, memória, disco e banda de rede.
O balanceador de carga utiliza essas informações, bem como a localização geográfica do servidor, para tomar a decisão de qual o melhor servidor para determinado cliente.
Transmissão e gravação com o Mconf
O Mconf também pode ser utilizado para efetuar transmissão de eventos em tempo real. A primeira vez que utilizou-se essa funcionalidade foi durante o WRNP 2012 em Ouro Preto. O grupo instalou o sistema Mconf-Live em uma máquina virtual localizada em Brasília cedida para esse fim específico.
As transmissões foram disponibilizadas em tempo real e também para acesso assíncrono após o término da sessão. Tanto a transmissão quanto as gravações podem ser acessadas através do endereço http://wrnp2012.mconf.org.
A Figura abaixo mostra a página inicial da transmissão em tempo real e de visualização das gravações. Na transmissão ao vivo o sistema transmitia o vídeo e o áudio do apresentador, os slides da apresentação e permitia que os usuários do sistema interagissem entre si via chat. Também permitia que os usuários realizassem perguntas ao apresentador, que eram repassadas ao vivo pelo operador do Mconf.
Outras transmissões via streaming podem ser vistas em http://mconf.org/events.
A Rede Mundial do Mconf
A rede mundial do Mconf é uma iniciativa do grupo visando disponibilizar ao mundo um sistema livre e aberto para que qualquer pessoa consiga efetuar webconferências independente de credo, raça, cor, situação social ou qualquer outra característica.
A ideia é que cada local que deseja colaborar forneça um servidor Mconf-Live. Com isso, ocorre um distribuição de servidores ao longo do mundo. Cada pessoa que deseja acessar a webconferência pode fazer gratuitamente através do site http://mconf.org ou então através do portal de sua instituição.
A figura abaixo mostra a situação atual da rede do Mconf, que atualmente conta com diversos servidores ao redor do mundo em vários continentes.
O sistema dá acesso às estatísticas de uso detalhadas para cada instituição que colabora, permitindo à mesma o conhecimento fácil de quantos dos seus usuários estão utilizando o sistema de webconferência. Caso uma instituição esteja utilizando muitos recursos (além do que fornece) por muito tempo, o grupo solicita que a mesma inclua um novo servidor na rede mundial para deixar o sistema equilibrado.
As principais vantagens de se tornar um membro da rede são (em comparação com uma infraestrutura isolada):
- Alta disponibilidade: Em uma rede com vários servidores para cumprir uma mesma finalidade, a disponibilidade do serviço será certamente superior a de uma rede isolada e custará bem menos. Assim, as instituições se beneficiam mutuamente dos servidores umas das outras, reduzindo o custo de manutenção e infraestrutura, e aumentando a disponibilidade do serviço. Além disso, a disponibilidade dos serviços principais (balanceamento de carga e monitoramento) é garantida pelos mantenedores da rede.
- Flexibilidade para suportar picos de uso: Para acomodar os picos de uso, instituições normalmente têm de disponibilizar uma quantidade maior de recursos do que seria necessário para o dia-a-dia, além do que, esses recursos extras possivelmente ficariam ociosos o resto do tempo. Em uma rede distribuída, as instituições fornecem o que é necessário para seu uso normal e se beneficiam de outros servidores na rede para acomodar os eventuais picos de uso.
- Otimização de recursos: Da mesma forma que a acomodação dos picos de uso, o uso dos recursos na rede também é otimizada, se considerarmos que são distribuídos em todo o globo, em diferentes fusos horários. Quando é normal ter um uso elevado de webconferences em uma região do mundo, em outras regiões, os servidores podem estar inativos. Além disso, a distribuição de servidores pelo mundo permite que o sistema use informações de geolocalização para decidir qual servidor utilizar para uma reunião, reduzindo assim a distância e o atraso na comunicação.
- Monitoramento: Todos os servidores da rede são constantemente monitorados. Isso nos permite detectar problemas na rede e avisar a instituição responsável por determinado servidor. Isso também impede que os usuários utilizem servidores com defeito, aumentando a disponibilidade.
- Relatórios de Uso: O núcleo da rede gera relatórios de uso que permitem às instituições acompanhar como os seus recursos estão sendo utilizados. Estes relatórios indicam, por exemplo, quais instituições devem fornecer mais (ou menos) recursos e porque devem fazê-lo.
- Código Aberto: Em um ambiente de código aberto, quanto mais as pessoas usam o sistema, melhor ele fica. Quando várias instituições estão usando uma mesma solução, testando, pensando sobre isso, e, possivelmente, colaborando com o seu desenvolvimento, todo mundo é favorecido.